segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Cartas - O caso Glória II

Querido Fernando

Aqui vai tudo bem, obrigado por perguntar. Confesso ter tido um choque com seu contato repentino. Afinal, nos últimos meses do nosso relacionamento ( se é que podemos chamar aquilo dessa maneira), você falava tanto quanto a mesinha de centro. Só levantava a voz quando trepava comigo.
Oras, tenha dó da minha paciência. Não acredito nas tuas baboseiras. Você estava sempre reclamando de tudo. Do teu chefe, das minhas trepadas... afinal, você podia me comer e ficar com a vaca da tua mulher...
Asqueroso e nojento ficou a sua pessoa. Nem teu gato quis ficar perto de você... com suas manias doentias. Não me ligue mais, não escreva pra mim, e por favor.. deixe as chaves de minha casa na casa da Valéria.

Júlia

sábado, 18 de outubro de 2008

Cartas

Rogério


Espero que possas me compreender. Afinal, não é todo dia que eu posso trepar com o chefe em casa, ainda mais em nossa cama de casal

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Cartas - O caso Glória

Júlia

Tenho dó de meu piano. Serve apenas como móvel, para acomodar as velhas fotos de família e como suporte para o telefone, que já não toca com tanta frequência.
Tenha dó. Tenha dó de minha mulher, que assim nem cristo pode aguentá-la. Chora pelos cantos pensando que tudo não passa de um fingimento. Que tudo sempre foi um fingimento doce, que foi ficando agridoce, ácido, sem graça, sem gosto, asqueroso, e assim, se tornou nojento, irreal,, real demais pra ser verdade.
Ainda ontem, perdi meu gato. Dei leite e uma fatia de pullman. Ele não voltou. Depois de 1 mês, eu pensei que talvez ele voltaria pra mim. Mas já se passaram 3 meses, e o leite coalhou e o pão foi arrastado pelas baratas. E nenhum sinal dele.
Tenho pensado muito a respeito do tempo. Faz tempo que não chove uma gota no meu jardim. Desde sua partida, eu vim pensando nisso. Quanto tempo passou desde nosso fim? Glória sabia de nós? Ela era minha Glória?

Carinhosamente

Fernando