Júlia
Tenho dó de meu piano. Serve apenas como móvel, para acomodar as velhas fotos de família e como suporte para o telefone, que já não toca com tanta frequência.
Tenha dó. Tenha dó de minha mulher, que assim nem cristo pode aguentá-la. Chora pelos cantos pensando que tudo não passa de um fingimento. Que tudo sempre foi um fingimento doce, que foi ficando agridoce, ácido, sem graça, sem gosto, asqueroso, e assim, se tornou nojento, irreal,, real demais pra ser verdade.
Ainda ontem, perdi meu gato. Dei leite e uma fatia de pullman. Ele não voltou. Depois de 1 mês, eu pensei que talvez ele voltaria pra mim. Mas já se passaram 3 meses, e o leite coalhou e o pão foi arrastado pelas baratas. E nenhum sinal dele.
Tenho pensado muito a respeito do tempo. Faz tempo que não chove uma gota no meu jardim. Desde sua partida, eu vim pensando nisso. Quanto tempo passou desde nosso fim? Glória sabia de nós? Ela era minha Glória?
Carinhosamente
Fernando
carta para a minha Princesa
Há 12 anos
Um comentário:
Que bunitinhu!
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